ATA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 14-5-2002.

 


Aos quatorze dias do mês de maio do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e treze minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o qüinquagésimo quarto aniversário de Independência do Estado de Israel, nos termos do Requerimento nº 022/02 (Processo nº 0617/02), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Daniel Gazit, Embaixador do Estado de Israel no Brasil, e esposa, Senhora Michele Gazit; o Senhor Gustavo Mello, Chefe da Casa Civil e representante do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Leônidas Isdra, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul; o Senhor Mário Anspak, Presidente do Conselho Geral das Entidades Judaicas do Estado do Rio Grande do Sul e Vice-Presidente da Confederação Israelita Brasileira; o Deputado Estadual Flávio Koutzii, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Rabino Mendel Liberiow; o Senhor Jack Terpins, Presidente do Congresso Judaico Latino-Americano e Presidente da Confederação Israelita do Brasil; o Vereador Isaac Ainhorn, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução dos Hinos Nacionais Israelense e Brasileiro e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PFL, PSB, PHS e PPS, discursou sobre a importância da instituição do Dia da Solidariedade ao Estado de Israel, reportando-se à Lei que deu origem a essa solenidade. Também, teceu considerações sobre a trajetória do povo judeu no intuito de consolidar o Estado de Israel, mencionando matérias publicadas pela imprensa sobre atentados terroristas ocorridas contra aquele País. O Vereador Marcelo Danéris, em nome das Bancadas do PT e do PC do B, parabenizou a iniciativa do Vereador Isaac Ainhorn em propor a presente solenidade, destacando as características de solidariedade e perseverança demonstrados pelo povo judeu ao longo do tempo. Ainda, enfocou as realizações científicas e tecnológicas desenvolvidas pelo Estado de Israel, defendendo a necessidade de uma convivência pacífica entre os povos do Oriente Médio. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Eduardo Euclides Aranha e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PPB, comentou aspectos singulares de cidades históricas localizadas no Estado de Israel, enfocando os valores culturais e religiosos do povo judeu. Também, discorreu a respeito das transformações econômicas realizadas por essa comunidade a partir da criação desse País, salientando a importância dos investimentos na área educacional realizados pelo mesmo. O Vereador Almerindo Filho, em nome da Bancada do PSL, prestou sua homenagem ao Estado de Israel, citando passagens bíblicas registradas no Antigo Testamento e exaltando os valores espirituais externados pelo povo judeu ao longo de sua história. Nesse sentido, afirmou que, no entender de Sua Excelência, a profissão de fé serve como sustentáculo para vencer as atuais adversidades enfrentadas por essa comunidade. O Vereador Valdir Caetano, em nome da Bancada do PL, reportou-se ao transcurso dos cinqüenta e quatro anos da criação do Estado de Israel, discursando sobre as peculiaridades sócioeconômicas e culturais do povo judeu, notadamente no que se refere à sua identidade espiritual, religiosa e política. Também, aludiu a projeto agrícola desenvolvido na fazenda Nova Canaã, pela Igreja Universal do Reino de Deus, o qual utiliza tecnologia israelense. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, homenageou o Estado de Israel pela passagem do seu qüinquagésimo quarto aniversário de existência, referindo-se à tenacidade do povo judeu em manter sua unidade étnica em todas as partes do mundo. Ainda, cumprimentou a Senhora Michele Gazit como representante da mulher israelense, exaltando a importância da participação feminina na construção daquele País. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Daniel Gazit, que destacou a importância da homenagem hoje prestada por este Legislativo aos cinqüenta e quatro anos de existência do Estado de Israel. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vinte e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador José Fortunati e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1ª Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o 54.º aniversário de independência do Estado de Israel.

Compõem a Mesa o Sr. Daniel Gazit, Embaixador de Israel no Brasil e sua esposa, a Sr.ª Michele Gazit; Dr. Gustavo Mello, Chefe da Casa Civil, neste ato representando o Governador do Estado; Dep. Flávio Koutzii, representando a Assembléia Legislativa do Estado; Sr. Leônidas Isdra, Presidente da Federação Israelita do RS; Sr. Jack Terpins, Presidente do Congresso Judaico Latino-Americano e Presidente da Confederação Israelita do Brasil; Sr. Rabino Mendel Liberiow; Sr. Mário Anspak, Presidente do Conselho Geral das Entidades Judaicas do Rio Grande do Sul e Vice-Presidente da Confederação Israelita Brasileira; Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta Sessão Solene.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução dos Hinos Nacional de Israel e Nacional do Brasil.

 

(Executa-se o Hino Nacional de Israel e o Hino Nacional do Brasil.)

 

É com grande alegria que a Câmara Municipal de Porto Alegre presta esta justa homenagem ao 54.º aniversário de independência do Estado de Israel. Um país jovem e moderno, com uma renda per capita de 17 mil dólares por ano. Segundo país no mundo na produção e uso de alta tecnologia, com um salário mínimo de 750 dólares, com uma faixa de exportação, em 2000, com crescimento de 123% contra 30% de importação. Um país que investe 12% da sua economia na produção e desenvolvimento de armamentos e revela uma grande competição no mercado profissional, que aponta um índice de 10% de desemprego. Este é o panorama atual de um Estado que foi construído e pensado ao longo de séculos por uma comunidade espalhada pelo mundo inteiro, que não mediu esforços para construir o seu Estado. Um povo sofrido, povo valoroso, povo guerreiro, um povo batalhador que, com muita fé, construiu o Estado de Israel.

São apenas cinqüenta e quatro anos que nos separam da formalização do Estado de Israel, mas todos sabemos que são centenas, milhares de anos onde essa idéia brotou, onde essa idéia esteve presente no coração do povo judeu.

Meu caro Embaixador, devo dizer que, além desta justa homenagem que se presta ao Estado de Israel, nós queremos também destacar, nesta Sessão, a importância da comunidade judaica para Porto Alegre e para o Rio Grande do Sul, comunidade esta que sempre prestou relevantes serviços na área cultural, temos inúmeros participantes da comunidade judaica que nos honram com o seu trabalho na área cultural; na área social a comunidade judaica sempre esteve muito presente em ações sociais muito fortes em Porto Alegre e no Estado; na área econômica; na área política, como exemplo o nosso Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta Sessão; entre tantas outras atividades que orgulham a comunidade de Porto Alegre e o povo do Rio Grande. A comunidade judaica não é uma comunidade à parte do nosso Estado e da nossa Capital, ao contrário, sei perfeitamente o quanto essa comunidade tem procurado se integrar; faz parte do cotidiano da nossa Capital e do nosso Estado e tem sido importante para que nós possamos estabelecer relações de afeto, relações de carinho, relações que perpassem, pura e simplesmente, as relações formais que nós construímos no nosso cotidiano. Eu desejo, do fundo do meu coração, que possamos comemorar este aniversário do Estado de Israel pensando naquilo que certamente norteia a todos nós neste momento, um pensamento que vem lá do nosso âmago, lá do nosso coração, na busca do bem maior da humanidade, que não é um bem material, mas que é a paz, que todos nós desejamos que seja encontrada o mais rapidamente possível, não somente no Oriente Médio, mas em todas as partes do mundo. A todos vocês, a toda a comunidade judaica, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, quero cumprimentá-los pelo aniversário desse importante Estado que é o Estado de Israel.

O Ver. Isaac Ainhorn, proponente desta Sessão Solene, está com a palavra, e falará pelas Bancadas do PDT, PSB, PHS, PFL e PPS.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta Casa, meu caro Ver. José Fortunati, Ex.mo Sr. Embaixador de Israel no Brasil, Daniel Gazit e Sr.ª Michele, que, mais uma vez, prestigiam esta Casa, Porto Alegre e o Rio Grande, comparecendo por ocasião das comemorações do 14 de Maio ao Rio Grande do Sul, pela segunda vez. Com certeza, Sr. Embaixador, nesta tarde, não teremos problema de som, o que para o senhor não foi problema, pois se saiu com grande desenvoltura, mesmo sem som. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome da minha Bancada, o PDT, em nome especialmente dos Vereadores que compõem a minha Bancada, Presidente desta Casa, Ver. José Fortunati, Ver. Humberto Goulart, Ver. Ervino Besson, Ver. Nereu D’Avila e Ver. João Bosco Vaz e honra-me, sobremaneira, nesta oportunidade, a representação extremamente significativa de Vereadores desta Casa, de praticamente todas as tendências partidárias com assento neste Legislativo, prestigiando este evento. Certamente, Sr. Embaixador, por ser este um momento extremamente delicado, um momento difícil para a comunidade judaica no mundo inteiro, um momento difícil para o Estado de Israel, a presença maciça de Vereadores de todas as tendências partidárias nesta tarde, nesta Sessão Solene, que é prestigiada por Vossas Senhorias, por figuras tão representativas da comunidade judaica brasileira e da nossa comunidade de Porto Alegre e do Rio Grande, tudo isso expressa, por si só, a importância deste ato que esta Casa, com tradição, com determinação, com perseverança, vem fazendo, já há muitos anos, por ocasião das comemorações do Dia da Independência do Estado de Israel.

Eu tenho dito, Sr. Presidente, que melhor não tivéssemos uma Lei de Solidariedade. É o único Estado no mundo que tem a singularidade de esta Casa, há mais de dez anos, há exatamente onze anos, ter promulgado, com a sanção do então Prefeito da cidade de Porto Alegre, hoje Governador do Estado, Olívio Dutra, uma lei que estabelece o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, ou seja, ela estabelece, no seu artigo 1.º, que fica instituído, no âmbito Municipal, o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, a ser comemorado anualmente no dia 14 de maio, e é o que, efetivamente, estamos fazendo nesta data. A singularidade e as circunstâncias do momento em que vivemos impõem, naturalmente - e a presença dos senhores e das senhoras expressa exatamente esse sentimento -, o apoio, a solidariedade e a preocupação sobre o que acontece no Oriente Médio e também a preocupação no que se refere à busca de uma paz para aquela região do planeta.

Eu dizia, há poucos momentos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que melhor seria se esta Lei já tivesse se tornado inócua, na medida em que na consolidação de uma paz, na possibilidade de um reconhecimento pleno ao Estado de Israel, que existe já desde 1948, ao lado do povo palestino, não se impusesse a permanência deste Dia de Solidariedade ao Estado de Israel, mas as circunstâncias, infelizmente, tornam essa Lei Municipal mais atual do que nunca. Basta-se ver as chamadas nos jornais, não nos últimos seis meses, mas nos últimos três anos. Desde 1948, quando em 14 de maio foi declarada a independência do Estado de Israel, a partir do dia seguinte, Israel não obteve, no início da sua jovem história de cinqüenta e quatro anos, nenhum momento de paz, na sua plenitude, embora tenha perseguido isso, quando a ONU, já em 1947, tinha estabelecido a concretização de um lar nacional para os judeus, criando o Estado Judeu e o Estado Palestino. Infelizmente, os seus vizinhos, no dia seguinte ao da sua declaração de independência, invadiram - todos os seus países vizinhos - o Estado de Israel, que, com determinação, com fervor e com muita disposição, conseguiu manter-se. Naqueles dias difíceis, naqueles momentos difíceis, com muito heroísmo, com muita garra e com muita determinação, manteve a sua existência, tornando-se uma das mais extraordinárias experiências do mundo, do ponto de vista econômico, do ponto de vista de conhecimento, de tecnologia, do ponto de vista do saber, do ponto de vista da ciência. É uma das experiências mais singulares do século XX e que avança no século XXI. A indagação que fica é que, se vivêssemos num ambiente de paz plena, o que representaria o Estado de Israel para o Oriente Médio, do ponto de vista de um convívio fraterno com seus vizinhos, numa integração, construindo universidades, desenvolvendo conhecimento e intercâmbio? É isso que nós perseguimos, é isso que Israel persegue e é essa a esperança da comunidade judaica e do conjunto da sociedade.

Mas eu dizia que a realidade dos últimos três anos é, praticamente, a realidade dos cinqüenta e quatro anos deste jovem Estado. Está registrado nas manchetes dos jornais: “Terror”, 31 de julho de 1997, “Terror volta a golpear paz em Israel. Isto não foi ontem, isto aqui é de 1997: “Ataque suicida matou quinze pessoas e feriu 170”; 31 de julho de 97: “Bombas explodem esperança de paz”; 4 de agosto: “Netanyahu prevê novos atentados”; 5 de setembro de 97: “Terroristas suicidas voltam a atacar Israel”; 15 de setembro de 97: “Hezbollah mata no sul do Líbano”; 11 de agosto de 99: “Palestino joga carro em soldados”; 28 de agosto de 98: “Bomba explode no centro de Tel Aviv e fere vinte e um”; “Atentados após pacto fazem vítimas em Israel”, 6 de setembro de 99; 7 de novembro de 98: “Terror em Jerusalém ameaça processo de paz”; 20 de outubro de 98: “Atentado ameaça cúpula israelense e palestina”; 30 de outubro de 98: “Carro-bomba mata soldado hebreu”; 24 de fevereiro de 99: “Hezbollah aplica duro golpe no exército de Israel”.

Sr. Embaixador – isto é de conhecimento de todos – estamos registrando todos esses anos desse clima que Israel vive. Infelizmente, a incompreensão, o ódio e o espírito e posições que nos criam dúvidas sobre as verdadeiras intenções de alguns partícipes daquele processo, fazem com que, muitas vezes, não tenhamos a possibilidade de ter uma expectativa de otimismo, de efetiva concretização de paz. Mas, apesar disso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apesar de todos os obstáculos e de todas essas dificuldades, ainda temos como referência básica, como saudação maior do povo judeu a expressão “paz”. Shalom. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra, em nome do PT e do PC do B.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero, primeiramente, me socorrer de uma frase que acho que é bem representativa - de uma entrevista do Rabino Sobel -, que foi citada pelo meu companheiro Flávio Koutzii, no momento da homenagem aos cinqüenta anos do Estado de Israel, em 98. Foi citada uma parte maior, mas há uma frase em especial que me chama muito a atenção, que é a seguinte: “Israel possibilitou aos judeus agruparem-se em torno de sua bandeira, e não em torno de um túmulo.” Acho que ela é muito simbólica, muito forte e muito representativa da própria história do povo judeu.

O povo judeu, depois de uma série de sofrimentos, de perseguições, de invasões, de sacrifícios, soube fazer de toda essa história a sua força, o seu vigor, a sua resistência, e transformou tudo isso na força que o levou à vitória. O povo judeu teve a capacidade de transformar, o que para muitos, às vezes, é motivo de abatimento e desistência, em resistência, em força para fazer a sua própria história e construir o seu Estado.

Construiu um Estado soberano. Construiu mais do que isso. Nós sempre alertamos o quanto é importante para qualquer povo não esquecer a sua história, ter consciência da sua história, do seu passado e do seu presente. O povo judeu tem consciência da sua história, mantém a sua memória e a sua história viva plenamente, e é isso que faz com que esse povo avance no sentido do desenvolvimento humano, do progresso das suas relações, do seu próprio Estado e das relações que soube muito bem ter em todos os países onde tem o seu povo constituído, como aqui: relações sociais, suas raízes mantendo a sua cultura.

Nós, hoje, vivemos um momento de globalização econômica, de um pensamento único, que tenta padronizar culturas, valores, forma de vestir, pensamento. O povo judeu e o Estado de Israel sabem preservar, nesse momento, sabem lutar, resistir e, de forma soberana, estar presente no mundo, mantendo valores, tradições, culturas, religião, a sua história e a sua memória. Esse é um valor muito importante para nós.

Este também não é um momento fácil: é um momento realmente difícil da história, não de Israel e nem dos palestinos, mas sempre é um momento difícil da história da humanidade. Esse é um desafio que está presente, não para o povo judeu e nem para o povo palestino, mas esse é um desafio que está presente, Ver. Reginaldo Pujol, para nós. Esse é o desafio de uma humanidade, que tem de saber construir os caminhos da paz, da tolerância, da não-perseguição, da não-discriminação, do não-preconceito. Esse é o desafio não só de vocês, não só do povo palestino, mas um desafio nosso.

Nós queremos dizer, plenamente, que lutamos pela paz, contra a guerra, contra o terrorismo, mas pela liberdade dos povos, pela autodeterminação dos povos, para que os povos tenham o seu Estado. Defendemos, sim, um Estado Palestino, mas, ao mesmo tempo, estamos ao lado do povo judeu, onde sempre estivemos, lutando contra o preconceito, lutando contra a discriminação, lutando contra o xenofobismo, contra o neonazismo, contra o fascismo, tão colocados na nossa história.

Quero dar os parabéns ao povo judeu, quero dar os parabéns aos cinqüenta e quatro anos do Estado de Israel. Eu desejo paz e serenidade de espírito para que possamos, todos nós, construirmos juntos um mundo justo, solidário e livre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Meu caro Embaixador Daniel Gazit, sempre que falamos ou pensamos na independência do Estado de Israel, nos lembramos de um brasileiro, que é Osvaldo Aranha. Quero, pois, anunciar, com muita alegria, a presença entre nós de um dos sobrinhos de Osvaldo Aranha, o Sr. Eduardo Euclides Aranha. (Palmas.)

O Ver. Américo Leal está com a palavra, e falará em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, dispenso-me de dirigir-me à Mesa por ela já ter sido nominada pelos oradores que me antecederam. Passo, então, à saudação ao Estado de Israel. Agradeço muito ao Ver. Isaac Ainhorn por ter-me oportunizado fazer essa saudação.

O mundo observa preocupado o que ocorre naquele pedaço de terra, pouco maior que Sergipe: o Estado de Israel. Ali, envolta em misticismo, está a cidade de Jerusalém, onde reside parte da história antiga.

É o centro do universo espiritual. Tel Aviv é o centro da modernidade.

Um manto de religiosidade envolve estes dois povos, árabes e judeus, hoje em confronto, terrível confronto que nos apavora, aterroriza até, só encontrando explicações se nos reportarmos às terras e lugares sagrados que ali repousam, como relíquias.

Símbolo de sofrimento, lá está a Bíblia de um povo nômade, trazido ao Egito por Abraão, subjugado por longo tempo, conduzido por Moisés a Canaã, suportando quarenta anos de deserto, na rota do êxodo, onde viu o Mar Vermelho se abrir. O inacreditável!

A conquista de Jericó, a luta por Jerusalém, duas vezes conquistada por Nabucodonosor, puro misticismo relatado na épica vida desse povo.

Em Jerusalém nasceu Cristo, na Basílica da Natividade, cercada hoje por tropas e agora liberada, nesses últimos dias. Por lá andou o Nazareno em caminhadas que comoveram e comovem o mundo católico.

Lá, Maomé viveu, pensou, ergueu coisas de sua fé, na cidade antiga, um espaço tão reduzido. É inacreditável – tudo acontece naquele canto do mundo! Por que será?

Israel e Jerusalém são uma coisa só: crenças, desejos, sofrimentos: Jerusalém é a cidade sagrada, bela, misteriosa, irresistível e enigmática.

Para os judeus, símbolo de dificuldades, é a pátria bíblica, onde afinal chegaram, decorridos mais de dois mil anos perambulando pelo mundo, tolerados, mas sempre estranhos, de malas na mão, levando coisas deles mesmos ou para vender. Por diversos países eles andaram, de bairro em bairro, de rua em rua, reunindo a maior quantidade de prêmios Nobel, com a preocupação – sempre a preocupação -: investir em educação!

Olho para o Rabino, porque ele me deu essa aula.

Recuar como? Em 1948, desembarcaram no navio Êxodus. Marcharam sobre areia em terreno pedregoso, sempre de malas na mão, sob o olhar dos britânicos, vigiando o desembarque, garantindo o desembarque. Vi as fotografias - o que posso fazer -, aquela gente desprotegida, desamparada, desembarcando a esmo, não tinham armas. Trabalho, tenacidade, inteligência, transformaram o deserto, terreno ingrato, e transformaram em pomares, jardins florescentes, águas abundantes, fontes de energia que até as vezes fico perguntando: Por que não copiamos isso no Brasil? Não há de ter sido por milagre só, foi força de vontade.

Decorridos cinqüenta e tantos anos, cinqüenta e quatro para ser mais preciso, viram a pátria erguida, a estrela azul de seis pontas em campo alvo, a sua bandeira, enfim, tremular. E sou militar, sei o que representa uma bandeira tremulando, seja em competições olímpicas ou seja pela pátria que a gente tanto ama. Um nó na garganta, por certo, há de ter vindo; tinham, afinal de contas, uma pátria. O que representa isso? Pergunte a eles.

Economia pujante, alta taxa de crescimento, ergueram indústria de ponta, PIB semelhante ao da Inglaterra, o segundo exército profissional do mundo - é a síntese, o resumo.

Na Diáspora foram buscar tenacidade, aprendendo a viver, conviver, sobreviver, dia a dia, sempre em terra alheia, com as malas na mão! Como recuar? É tudo ou nada.

Ben Gurion, o silencioso e determinado, ousado, modesto e resistente, visionário, idealista, que se comovia a fazer os seus próprios discursos, já dissera: “Israel não pode-se afastar das conquistas da ciência moderna, mas deve-se fundamentar sempre na ética dos profetas bíblicos. Transformamos o deserto recebido, superamos a ausência da água, criamos fonte de energia, sob o constante cerco dos nossos adversários.” Sempre em guerra, sempre sob bala.

E foi um brasileiro, Oswaldo de Souza Aranha, lá do Alegrete, que oficializou essa façanha. Shalom a esse brasileiro, que pertence à história do povo judeu. Shalom ao povo judeu. Mas lembrem-se e nunca se esqueçam: em linguagem militar, transigir não é ceder! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra para falar em nome da Bancada do Partido Social Liberal.

 

O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Peço que não me vejam aqui como Vereador ou político, peço que me vejam como homem a serviço do Senhor na política. Não pretendo falar se é justa ou não a existência do Estado de Israel, tampouco vou comentar sobre o estado de litígio entre judeus e palestinos, que já dura anos. Gostaria de falar do povo judeu. Em minhas veias não corre o sangue judeu, mas quando aceitei o Senhor Jesus como o meu Salvador e Senhor, a Bíblia me outorgou o direito de, pela fé, ser descendente de Abraão e de todas as suas promessas. A história desse povo relatada na Bíblia é uma das bases fundamentais da minha fé. E talvez essa seja a palavra que melhor defina o povo judeu: Fé. Ao lermos a Bíblia ou mesmo a Torá, vemos uma qualidade de fé espantosa, uma fé que, segundo a palavra de Deus, “é a certeza de coisas que se espera e a convicção de fatos que não se vê”. Está escrito: Hebreus 11, Versículo I.

Costumamos chamar, na Igreja Universal , de Fé-Benefício. A maioria das pessoas, judeus ou não, tem fé em Deus, no entanto, nem todas têm logrado êxito em sua fé, simplesmente pela falta de sustentação da mesma. Essa fé que nos traz benefícios, como fez o povo judeu no passado, deve estar baseada na palavra de Deus. Na minha visão, a falta de qualidade de fé é justamente a razão pela qual a maioria dos religiosos não obtêm resultados práticos em suas vidas, mesmo crendo em Deus. É também a explicação que dou aos atuais eventos que se sucedem no Oriente Médio. A vida da pessoa ou da nação que crê em Deus depende da qualidade de sua fé, fé qualificada, vida qualificada e vice-versa.

Tomemos como referencial o nosso pai na fé, Abraão, pois o Senhor mesmo nos ensina: “Olhai para Abraão”. Está escrito em Isaías 51, versículo II. Significa dizer que devemos imitá-lo em sua crença e obediência a Deus. Tenho certeza que não é mediante a Lei que os descendentes de Abraão herdarão suas bençãos, mas mediante a mesma qualidade de fé manifestada por Abraão. Quanto ao Estado de Israel e sua paz, disse o Salmista Davi: “Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do Senhor, nosso Deus, buscai o bem.” (Sl. 122.)

Neste sentido, o próprio Senhor nos ensina: “Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e Me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, Eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a vossa terra.” (Está escrito em 2 Cr 7.14).

Temos que ter em mente que crer e seguir a palavra de Deus irá nos exigir um preço, tribulações, talvez até sofrimentos, mas em tudo somos mais que vencedores.

Entretanto, neste mundo e nesta luta, lembremo-nos das palavras do Apóstolo Paulo, que nos conforta muito nesta hora: “...Em tudo somos atribulados, porém não angustiados, perplexos, porém não desanimados...” (2 Co 4.8)

Meu desejo mais sincero neste momento é que através do Nome Santo do Senhor Jesus, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Israel venha trazer paz e prosperidade à Terra Santa, bem como a todo o seu povo. Shalom.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em nome da Bancada do PL.

 

O SR. VALDIR CAETANO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Não há como sentir uma ponta de inveja desta Sessão Solene a esse povo tão maravilhoso, que assim merece.

Israel foi a terra natal do povo judeu. Entrou para a história há cerca de trinta e cinco séculos, quando o povo judeu abandonou a vida nômade, estabeleceu-se nessa terra e tornou-se uma nação. Ali formou sua identidade espiritual, religiosa e política. Foi ali que pela primeira vez os judeus se constituíram em Estado, criando valores culturais, significação nacional e universal, e deram ao mundo o eterno livro dos livros, a Bíblia.

Os judeus se empenharam, de geração em geração, no ideal de se restabelecerem em sua antiga pátria.

Fizeram florir os desertos. Reviveram a língua hebraica; construíram cidade e povoados. Criaram comunidade próspera, controlando sua própria economia e cultura.

Israel é um país de múltiplas faces, tanto na diversidade de sua população, quanto na variedade de suas regiões geográficas.

Um país pequeno e jovem; Israel conseguiu, nesses cinqüenta e quatro anos deixar de ser um país pobre, para avançar rumo à liderança no mundo em áreas como Medicina e Agricultura.

Celebrar o Estado de Israel é uma forma de demonstrar nosso apreço à comunidade judaica brasileira, com sua dedicação ao trabalho, seu profundo sentido de solidariedade e suas notáveis contribuições à cultura e ao pensamento. Essa comunidade traz um significado aos esforços de construção de um país melhor.

A história do Estado de Israel, embora ainda breve, apresenta muitas realizações nesses cinqüenta anos, das quais o povo israelense pode-se orgulhar.

Israel se desenvolveu, conta com a maior economia da região e atingiu níveis de excelência em setores de alta tecnologia e na formação de recursos humanos, que pude comprovar quando lá estive.

O país se caracteriza por um amplo aspecto de estilos de vida, variando do religioso ao secular; do moderno ao tradicional; urbano e rural; comunal e individual. Como é citado em provérbios: 12;11: “O que lavra sua terra será farto de pão...”

Israel ocupa uma posição respeitável no cenário mundial por sua capacidade de produção e exportação em vários setores agrícolas e industriais, com seus 21.945 km2, buscando um alto desempenho, concentrando esforços num número limitado de áreas, tonando-se ponto de referência nos últimos cinqüenta anos no cultivo de solos em climas áridos e semi-áridos. Diversas fazendas no deserto, os chamados kibuts, tornaram aquele País um grande exportador de produtos agrícolas - são técnicas modernas de produção de sementes, processos eficazes de irrigação e fertilização do solo, modernas instalações para a industrialização e comercialização da safra. Conhecendo esse trabalho em solo de Israel, o Bispo Marcelo Crivello, da Igreja Universal do Reino de Deus, lançou o desafio de tornar o sertão nordestino uma região produtiva, trazendo de Israel para o Brasil essa tecnologia. Agrônomos israelenses, com mais de trinta anos de experiência nos kibuts, elaboraram um projeto para a Fazenda Canaã, no sertão da Bahia. O objetivo do projeto é buscar soluções para as principais causas responsáveis pelo subdesenvolvimento do sertão nordestino: a falta de recursos hídricos, a carência de tecnologia, a falta de armazenamento e condições de comercialização da produção, a falta de assistência básica para a população. Esse projeto está mostrando que o problema da seca tem solução e vai solucionar o problema do Nordeste. Isso graças à tecnologia trazida de Israel.

Na celebração dos cinqüenta e quatro anos, nossos votos de que o futuro do Estado de Israel seja marcado pela crescente prosperidade de seu povo, e pela tão ansiada e merecida paz. Shalom! Que Deus abençoe Israel. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em nome da Bancada do PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Todos os anos, repetimos, nesta Casa, este ritual. Escatologicamente é um ritual de passagem, é mais uma etapa vencida, é um outro desafio que agora se inicia. Acho que foi no ano passado que eu lembrava que tenho exatamente a mesma idade do Estado de Israel, só que, enquanto para nós, indivíduos, cinqüenta e quatro anos é já chegar ao zênite - acho que o ex-Vereador e Deputado Flávio Koutzii vai repartir este sentimento comigo, não o estou chamando de velho, nós dois somos mais ou menos parecidos -, para uma Nação isso ainda é muito pouco! É ainda infância. Com um diferença, se o Estado de Israel é jovem, o povo judeu é muito antigo. A história de Israel é, literalmente, a história de uma utopia, daquelas utopias que conhecemos desde Platão a Tomás More e tantos outros que as pensaram, as idealizaram, as ansiaram, mas, ainda aqui, uma diferença: é que a cada ano nós lembramos que uma dessas utopias se tornou possível. Nós lembramos que manter e guardar utopias é fundamental para a sobrevivência da humanidade.

Mas Israel é também uma realidade muito especial. Se a Nação possui fronteiras claras e bem definidas, na verdade Israel é bem mais do que isso, porque onde estiver um judeu, de certo modo também Israel está aí. É evidente que, neste ano, muito marcadamente a data tem especial significação por todos os episódios que temos acompanhado. No entanto, quero me permitir, aqui, destacar um fato e uma homenagem: em toda a história do povo judeu, a figura da mulher sempre se destacou. Ela foi inspiração, ela foi baluarte de resistência, ela foi líder religiosa e civil. Ela foi, enfim, a própria imagem de Israel e da sua luta. Daí, a minha homenagem especial, me permitam, hoje, nos cinqüenta e quatro anos, nesta Sessão da Câmara, não à Senhora Daniel Gazit, mas à Sr.ª Michele Gazit.

Não vou repetir, aqui, Moacir Scliar, da “Mulher que Escreveu a Bíblia”, não vou aqui contar histórias da mama judia, mas quero lembrar, sobretudo, a mulher que foi mãe, que foi filha, que foi irmã de todos aqueles que, ao longo de séculos, fizeram e construíram a terra prometida e, ao longo desses cinqüenta e quatro anos, têm lutado com denodo pela existência do Estado de Israel. A todas vocês, mulheres de Israel, que tanto ocuparam a atenção e a imaginação daqueles que, ao longo de séculos, escreveram o Velho Testamento, e a vocês, mulheres de Israel, que no futuro vão ocupar a atenção dos historiadores de hoje e a todos vocês, enfim, a que Israel deve fundamentalmente a sua sobrevivência, porque vocês que, no recôndito de cada lar judeu de Israel, sobrevivem através de suas tradições, dos seus cantos, das suas comidas, da sua religião, das suas memórias, muitas vezes inclusive das suas lágrimas e dos seus choros. Israel deve, sem dúvida nenhuma, a sobrevivência sua, à mulher judia. Parabéns aos cinqüenta e quatro anos de Israel. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): É com muita alegria e com muita honra que, neste momento, concedemos a palavra ao Sr. Embaixador Daniel Gazit.

 

O SR. DANIEL GAZIT: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, com sua licença, tomo a liberdade de não repetir os nomes de todas as autoridades presentes, mas volto a pedir a liberdade de mencionar que é uma surpresa para mim a presença aqui dos familiares do gaúcho Osvaldo Aranha, que não sabia que estariam presentes, que me dá muito prazer mencioná-los. Cada dia que entro na nossa Embaixada, em Brasília, passo por uma placa em homenagem ao Sr. Osvaldo Aranha, pela sua contribuição pelo estabelecimento do Estado de Israel. E sinto essa presença como se estivesse em casa, com um ponto de apoio, com demonstração de amizade que existe desde o primeiro dia ou antes do primeiro dia entre o Estado de Israel e do Brasil.

Também sinto amizade por Porto Alegre. Gostaria de agradecer as palavras dos Vereadores, nesta segunda visita a Porto Alegre, nesta ocasião de homenagem especial ao Estado de Israel. Sentimo-nos em casa, como se estivéssemos numa minissérie televisionada, onde a família encontra-se a cada ano para contar as histórias do ano anterior, de suas amizades. Não tenho palavras para exprimir esse sentimento de estar aqui entre amigos. Passamos isso para a comunidade judaica e para outros, passamos a experiência de participarmos de atos, como os de ontem, junto ao Prefeito Municipal, junto ao Presidente da Federação Israelita de Porto Alegre. Na próxima semana, chegará aqui um expert israelense do campo da agricultura. Temos muitas atividades e nos sentimos muito bem aqui entre amigos.

Escutei muito sobre Israel. Gostaria também de falar sobre esses cinqüenta e quatro anos que passamos. Eles foram anos difíceis, mas temos a alegria de saber que estamos construindo algo novo e bom. Mas não vou fazer concorrência com o Presidente José Fortunati e demais Vereadores, que mencionaram todas essas coisas. Tenho um pouquinho de orgulho de falar desse ganhos, como israelense. Mas acho que esse é um momento especial na história do Oriente Médio, da história de Israel. Sinto-me no dever, conhecendo o que é divulgado na mídia, na imprensa – e por estar entre amigos –, de dizer para os amigos que conheçam o que é, e o que Israel não é, o que é Israel de verdade. A opinião dos amigos é o que nos importa mais do que tudo. Gostaria de repetir a esses amigos o que é Israel: Israel é um país que nasceu para a paz. Israel não nasceu para conquistar outros povos, nem para fazer a guerra, nem para oprimir, conquistar, ocupar; só para viver em paz com os seus vizinhos. Isso declaramos no primeiro dia na carta fundadora do Estado de Israel. Foi um chamado para todos os vizinhos, palestinos, árabes: queremos viver em paz, não queremos a guerra. Esta é a essência do judaísmo, a essência de Israel. E conhecemos a história recente, a história dos últimos dezenove meses de guerra. O Ver. Isaac Ainhorn mencionou alguns ataques terroristas. Mas existem muitos mais antigos do que esses mencionados; não começaram sequer em 97. Nos últimos dezenove meses, sofremos ataques terroristas sem precedentes, a cada dia, até que, num determinado dia, foi impossível. Com relação a essa situação de guerra em Israel, fizemos tudo o que podíamos para parar essa onda de terror, até que não tivemos outra escolha senão a guerra para poder pelo menos diminuir essa onda de terror.

E não temos nada contra os palestinos, não na guerra contra os palestinos. A guerra é contra o terror e nada mais, terror esse que tem como alvo, a cada dia, os civis israelenses. Fazemos a guerra não contra civis palestinos, mas contra terroristas. E não queremos mais nada senão poder viver em paz, em amizade com os palestinos, porque a guerra de hoje não é guerra do povo palestino contra a ocupação, nem sequer pela terra do Estado. Podiam ter o seu Estado ao lado de Israel, em 47, em 2000, quando quiserem, e podem ter isso. Eles podem ter isso. É uma guerra contra o terror e não uma guerra que escolhemos; é uma guerra que fazemos com mãos limpas, contra terroristas e não contra civis.

É muito importante para mim que saibam isso como amigos, que saibam que queremos a paz. Repito isso com todo o coração e com toda a autoridade, pelo governo de Israel, do Primeiro Ministro Sharon, que foi alvo de tantos ataques. Amigos, é importante para nós que saibam o que é Israel. Israel é amante da paz, e é lícito ao fazer tantas concessões, inclusive o governo que está sendo atacado com tantas calúnias, como é o governo da união nacional, que nos reúne.

Talvez não seja este o momento mais oportuno para continuar nesse tema, mas é importante, quando olhamos para o ano passado, quando olhamos tudo que passou e quando esperamos, porque temos, Michele e eu, toda a esperança de voltar nos próximos anos. Em 14 de maio vamos também estar de volta a Porto Alegre, mas, no próximo ano, espero falar aqui só de ganhos e, tomara, do grande ganho que nos falta, o ganho de obter a paz, a paz que nos faz tanta falta, pois com ela poderíamos fazer tantos milagres, com palestinos e judeus juntos, naquela terra santa, para fazer da terra santa uma terra fértil e feliz. Está em nossas mãos.

Agradeço novamente a todos pelas presenças, agradeço a todos os partidos da comunidade, a todos os amigos, e vamos nos encontrar na alegria, festejando a paz. Shalom e salam! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h23min.)

 

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